Thales, o bebê que desafiou a calamidade para buscar a cura

 In FHGV, Hospital Municipal Getúlio Vargas, Notícias, SAMU Sapucaia do Sul

Thales Lorenzo de Matos nasceu no Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV) no dia 4 de março de 2024. De parto normal, ele veio ao mundo cheio de saúde, com 3,1 quilos e medindo 47 centímetros. Exatamente dois meses depois, ele precisou voltar à unidade de saúde de Sapucaia do Sul. Diagnosticado com bronquiolite, que em seguida passou a grave, o menino necessitou de cuidados especiais e suporte ventilatório (entubação). Causada por um vírus, a doença atinge apenas bebês, atacando os pulmões e dificultando a entrada e saída de ar.

Como não respondia ao tratamento ministrado, após cinco dias no hospital, a saída passou a ser a transferência para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal. Requisitado leito pela Regulação Estadual, a vaga disponível apareceu na Santa Casa de Porto Alegre após dois dias angustiantes de espera. Com as estradas usuais interrompidas para o deslocamento à Capital devido às enchentes, o bebê sofreria demais pelo caminho alternativo, via RS-118, pois seriam necessárias aproximadamente quatro horas para vencer o percurso.

Thales na UTI do Getúlio Vargas

Assim, a possibilidade passou a ser o deslocamento aéreo. Em uma luta contra o tempo, que envolveu a Secretaria Municipal de Saúde e a Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV), um helicóptero foi disponibilizado na manhã de quarta-feira, 08 de maio. Uma aeronave da Polícia Militar de São Paulo, que se encontrava no estado auxiliando no enfrentamento à calamidade pública, pousou em Sapucaia do Sul próximo ao meio-dia.

Imediatamente, uma ambulância com suporte avançado do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), com médico e enfermeiro, transportou o pequeno Thales até o campo do Garra Futebol Clube, localizado no bairro Cohab, a dois quilômetros do hospital. Com todos os cuidados médicos e de segurança que a situação exigia, o bebê foi transferido da ambulância para o helicóptero, decolando em busca da cura às 12h23min.

Angústia e confiança

Tais Elizandra Kappaun, a mãe de primeira viagem, sofria com cada minuto de espera. Com as mãos em oração, acompanhou o filho do hospital até a aeronave, quando precisou se separar dele, pois não havia espaço para mais uma pessoa no voo. “Estou mais calma, pois sei que ele está bem assistido”, comentou ela enquanto seus olhos acompanhavam o helicóptero sumir no azul do céu.

De Sapucaia, a aeronave se deslocou até o Comando do Corpo de Bombeiros da capital, localizado no bairro Rio Branco. De lá, novamente de ambulância, Thales foi levado até a Santa Casa, onde foi internado na UTI Neonatal por volta das 13h30min. Enquanto isso, a mãe aguardava a volta do helicóptero para apanhá-la. “São horas de aflição e momentos assustadores, mas estamos lutando pela vidinha dele”, disse Tais, antes de completar:
— Ele é forte e vai vencer.

Mãe não pôde voar com o filho

Fé na cura

As mais longas três semanas da vida do casal Tais e Mateus foram vencidas entre corredores do Hospital da Criança Santo Antônio, rápidas visitas ao filho na UTI e noites mal dormidas dentro do carro, no estacionamento da Santa Casa. Nem a ida de Thales para o quarto trouxe alívio, pois o bebê ainda precisou vencer uma pneumonia, uma enterocolite e uma bactéria na traqueia.

“Vulnerável e impotente me senti durante 14 dias”, conta a aliviada mãe, já no conforto do lar. O período de UTI, com o filho entubado e em constastes intercorrências foi o momento mais difícil segundo ela, pois nem o colo podia oferecer. Questionada se nunca perdeu as esperanças, ela agradece a quem esteve ao seu lado, em presença ou pensamento:
— A equipe da Pediatria do hospital de Sapucaia que me acolheu no momento mais difícil, em especial a fisioterapeuta Fernanda. Também as pessoas que sequer conheço, que fizeram correntes de orações em várias partes do país, pois dividia minhas aflições pelo Instagram.

Após uma semana em casa, Thales recuperou o peso anterior e ganhou mais 100 gramas. Serelepe e bem-disposto, não desgrudava os olhos do fotógrafo enquanto sugava a mamadeira. Contemplando a aura de força e coragem que o filho transmite, Tais sentencia:
— Thales foi acolhido por todos e iluminado por Deus.

Torcida organizada

A secretária municipal de Saúde, Flávia Motta, acompanhou toda a luta enfrentada por Thales, inclusive agilizando a chegada do helicóptero que transportou o bebê a Porto Alegre. Ela foi uma das primeiras pessoas a visitar a família, assim que recebeu alta. “Sem dúvida, um momento muito especial e de alegria, depois de tanto desespero. Emoção em vê-lo tão bem e sentimento do dever cumprido, pois todas as áreas da saúde de Sapucaia uniram forças para salvar uma vida”, descreve Flávia.

Thales recebe visita da secretária Flávia

A fisioterapeuta Fernanda Dalpiaz acompanha até hoje a recuperação do menino. Ela ficou muito próxima da mãe pelos cuidados ininterruptos que Thales necessitava no hospital de Sapucaia. “Atender bebês e crianças é um privilégio, pois eles nos marcam de maneira diferenciada. Thales foi um sopro de esperança em meio à calamidade pública que enfrentávamos”, compara.
— Nossa equipe de fisioterapia esteve 24 horas por dia ao lado do Thales. Agora, ele também faz parte da história do HMGV, destaca ela.

A pediatra Ângela de Moura, que atendeu Thales em Sapucaia, ficou muito feliz ao saber que o bebê estava bem e em casa. ‘É angustiante a espera por uma UTI para um recém-nascido, mas a família foi forte em meio a tantas dificuldades causadas pela enchente e apoiou todas as decisões da equipe”, recorda.
— É muito importante saber que todo o esforço valeu a pena, finaliza a médica.

Mateus e Tais com o filho recém-nascido

Texto: Rogério Carbonera – MTB 7686 / Comunicação FHGV

Fotos: Rogério Carbonera e Divulgação FHGV

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