Projeto Lean acelera em 78% a chegada dos pacientes ao leito no HMGV
Receptividade, eficiência, economia, resolutividade e satisfação. Não necessariamente nessa ordem, mas o resumo que traduz as conquistas do Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV) em menos de seis meses, tempo que durou a implantação do projeto Lean nas Emergências. Entre os principais resultados está a redução do processo de internação, que compreende a chegada ao hospital até o paciente ser acomodado em leito definitivo. De 2,5 dias baixou para 12,5 horas, cortando consideravelmente a permanência em poltronas, macas ou cadeiras que ficam nos corredores de emergências, cenário muito comum nos hospitais brasileiros.
A apresentação de todos resultados alcançados ocorreu nesta segunda-feira (04/12), no auditório do Instituto Federal de Educação, em Sapucaia do Sul, com a presença de várias autoridades, consultores do Hospital Moinhos de Vento, além da direção e funcionários da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas, que administra a unidade. O Lean tem por objetivo diminuir a superlotação nas urgências e emergências, impactando todos os setores de uma casa de saúde, através da mudança de processos e diminuição de desperdícios.
Após a internação, houve também queda no período que o paciente permanece no hospital, com redução de 18%, ou seja, de nove para sete dias. Outro item a comemorar foi a diminuição no tempo de espera para a atendimento dos pacientes que não precisam de internação, que baixou em 19%, ou seja, de seis para quatro horas. Dado relevante ainda por traduzir o objetivo primeiro de uma casa de saúde, foi a diminuição da mortalidade, que caiu de 4,5 para 3,3%, o que significa 28% a mais de vidas preservadas.
O consultor do projeto Lean, Luiz Fernando Colla, mostrou-se bastante satisfeito com os resultados conquistados pelo HMGV. “Tivemos conversas duras ao longo do processo, mas a equipe demonstrou muita coragem para abrir os números que não eram bons”, ponderou. Segundo ele, só quem esteve aqui no início do trabalho consegue ter ideia da transformação que ocorreu no Getúlio Vargas. “Hoje, o hospital diminuiu a superlotação, sem deixar de atender nenhum paciente. Esse é o dado mais relevador do que foi feito nos últimos meses”, resumiu Colla.
“Estou emocionado em ver o resultado”, disse o diretor-geral da FHGV, Tércio Erany Tedesco Júnior, lembrando as dificuldades iniciais que foram enfrentadas para a implantação das mudanças. “O Lean se transforma em mais uma conquista, aliada a tantas outras que tivemos nesses quase três anos de gestão”, comemorou ele, ao mesmo tempo em que agradeceu a todos os funcionários da instituição.
O prefeito de Sapucaia do Sul cumprimentou os funcionários e a gerência do HMGV, bem como os gestores da Fundação pela importância dos resultados obtidos. De acordo com Volmir Rodrigues, o projeto Lean tem foco na gestão e, por consequência, facilita a vida das pessoas. “Nossos serviços de saúde são os melhores e até faço questão de usá-los por causa disso”, revelou o prefeito, destacando que o município é o 12º do estado que mais investe em saúde.
Compromisso FHGV
De acordo com o diretor Administrativo e Financeiro da FHGV, Marco Antonio Baldo, o projeto trouxe grande impacto ao Hospital Getúlio Vargas. “O conhecimento das melhores práticas de gestão nas emergências, englobando todas as áreas assistenciais, otimizou recursos e reduziu desperdício de tempo, bem como de processos ineficientes”, avaliou o diretor. Para o chefe da Emergência do HMGV, Ângelo Viezzer, o Lean trouxe eficiência e aumentou a produtividade. “Aprimoramos os fluxos na nossa instituição e, consequentemente, reduzimos a superlotação, alcançando resultados significativos”, concluiu ele.
O diretor de Assistência à Saúde da Fundação, Marcelo Bastiani Pasa, agradeceu a colaboração dos colegas. “Parabenizo a todos, pois os resultados ficaram bem acima das expectativas”, disse. Para o responsável técnico do HMGV, Rafael Rosito, que fez a apresentação dos números, há um grande desafio a partir de agora. “Estamos comprometidos em manter as conquistas, bem como em preservar a qualidade dos serviços, avançando ainda mais nas melhorias,” garantiu ele. A gerente Administrativa do hospital, Loredi Becker, por sua vez, lembrou que trabalha no local desde que ele tinha 50 leitos. “Hoje, estamos próximos de 200 leitos e nunca paramos de melhorar os serviços” destacou ela, agradecendo aos funcionários e equipe Lean pelos feitos recentes.
Trajetória de sucesso
Após a escolha do hospital como beneficiário do Lean, houve um primeiro encontro, em São Paulo, no mês de junho, para a capacitação do Grupo de Alta Performance (Gape) – profissionais designados como líderes do projeto dentro do HMGV. No mês seguinte, mais precisamente em 24 de julho, ocorreu a primeira visita de trabalho por parte dos consultores do projeto, profissionais ligados ao Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, o médico Luís Fernando Colla e a enfermeira Adriane Lima. Além de frequentes contatos virtuais, os dois especialistas mantiveram incursões quinzenais ao Getúlio Vargas, repassando ensinamentos, cobrando mudanças e exigindo aprimoramento de sistemas, fluxos e gestão.
O Lean nas Emergências é patrocinado pelo Ministério da Saúde, por meio do Programa de Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi), e executado pelos hospitais Beneficência Portuguesa e Sírio-Libanês, de São Paulo, e Moinhos de Vento, de Porto Alegre. O objetivo é diminuir a superlotação e os custos nas urgências e emergências dos hospitais públicos e filantrópicos do Brasil, reduzindo o tempo de espera e qualificando o atendimento emergencial ao paciente. Traduzido do inglês, a palavra Lean significa “enxuto”. Ampliando o conceito, expressa uma filosofia que atua de forma a utilizar o mínimo de recursos, reduzindo ou até eliminando atividades que não agregam valor, por meio da identificação dos desperdícios.
Texto: Rogério Carbonera – MTB 7686 / Comunicação FHGV
Fotos: Comunicação FHGV