Grupo de Orientação sobre Cuidados Pós-Alta Hospitalar retoma reuniões paralisadas na pandemia
Enquanto cumprimentava algumas amigas no final da missa, Zeila Maria da Costa Pessôa, de 57 anos, percebeu ao olhar para seu marido, um pouco mais longe, que ele não estava bem. Preocupada, conversou com ele e, apesar dele dizer que não sentia nada, Zeila notou alguns sinais. A voz do marido saía pesada e ele não conseguia falar direito. Assustada, rapidamente, levou o marido para casa caminhando. Em seguida, foram até o Hospital São Camilo, em Esteio, onde foi diagnosticado o Acidente Vascular Cerebral (AVC). Após o primeiro atendimento, o casal foi encaminhado para o Hospital Municipal Getúlio Vargas, em Sapucaia do Sul, uma referência para atendimento nesses casos.
O Getúlio Vargas é certificado como Centro Essencial do AVC e, no mês de março, retomou as reuniões do Grupo de Orientações sobre Cuidados Pós-Alta Hospitalar (Goca) na Linha de Cuidado do AVC. O grupo, que sofreu uma pausa devido à pandemia de coronavírus, tem o objetivo de acalmar e auxiliar as preocupações de familiares como Zeila, sobre como realizar os cuidados e dar a continuidade aos tratamentos após a volta do paciente para casa. Até o momento, já foram realizadas quatro reuniões do Goca.
Zeila espera que o marido siga se recuperando bem e volte a vida normal após a alta. Ela conta, emocionada, que a reunião foi uma boa surpresa e que lhe transmitiu segurança para essa nova fase. “Eu nunca imaginei que o hospital faria isto: demonstrar essa dedicação com as pessoas que estão aqui. É sempre difícil quando algo assim acontece. Pega-nos desprevenidos e sinto que estou falando em nome de cada pessoa daqui, paciente e familiar, que nos sentimos acolhidos e confiantes de voltarmos para casa e seguirmos os cuidados das pessoas que amamos. Só tenho o que agradecer a toda a equipe deste hospital”, reitera.
O grupo
Para muitos dos pacientes internados e suas famílias, tudo é uma novidade. Essa pode ser a primeira vez que a pessoa é hospitalizada ou, muitas vezes, antes do AVC levava uma vida de atividades diárias independentes. “O Goca vem como uma forma de orientar sobre as readaptações das rotinas e ser um espaço seguro para tirar as dúvidas dos familiares. Os cuidados pós-alta são muito importantes, porque visam a manutenção ou melhora do estado de saúde do paciente, buscando garantir o máximo de autonomia possível, envolvendo o paciente e o familiar nesse cuidado, para que voltem para suas casas mais tranquilos, menos ansiosos diante dessa nova realidade e, consequentemente, diminuindo reospitalizações”, explica a enfermeira da Linha, Soranne Heitel Ramos Pego.
O grupo conta com as orientações de uma equipe multidisciplinar nas áreas de assistência social, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição e psicologia. Dentre as instruções que integram as reuniões estão: como manter o horário correto da medicação; como administrar a nova dieta, optando por ingredientes naturais e evitando alimentos industrializados; como realizar os exercícios; e, principalmente, como proceder durante todo o processo no qual, por vezes, os pacientes podem ficar acamados e utilizar dispositivos invasivos.
As reuniões do Goca acontecem nas quintas-feiras, às 11h, na Unidade da Linha de Cuidado do AVC. Todas as terças-feiras, a mesma equipe multidisciplinar se reúne para o round de discussão e aprofundamentos sobre os casos atendidos.
Texto: Karolina Kraemer, orientada por Jocélia Bortoli – MTB 9653 / Comunicação FHGV
Fotos: Jocélia Bortoli e Karolina Kraemer / Comunicação FHGV