HMGV oportuniza mais de cem horas de musicoterapia para pacientes da saúde mental
Em uma parceria entre a Fundação Hospitalar Getúlio Vargas e o curso de bacharelado em Musicoterapia das Faculdades EST, desde o mês de abril deste ano, a Unidade de Saúde Mental do Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV), em Sapucaia do Sul, tem contado com o Projeto Musicoterapia Hospitalar, pioneiro nos hospitais públicos gaúchos. Esta primeira fase encerrou no dia 16 de dezembro, com aproximadamente 110 horas de musicoterapia ofertadas para os pacientes internados na unidade. As intervenções musicoterapêuticas no hospital retornarão em janeiro de 2023.
A professora Laura Franch Schmidt Silva, que coordena o projeto no Getúlio Vargas, caracteriza esse momento como uma oportunidade ímpar de atuar junto ao Sistema Único de Saúde (SUS), possibilitando a entrega de ações semanais em musicoterapia para pessoas que se beneficiam ao máximo com os atendimentos musicoterapêuticos individuais e em grupos. Oito estudantes supervisionados no estágio curricular, através de técnicas específicas, usaram a música como idioma para prestar a assistência dos pacientes.
“As ações realizadas no HMGV demonstraram a força que a música tem para mobilizar emoções e externar sentimentos embotados. Isso nos permitiu verificar o quanto ela desenvolve o relacionamento entre seus pares, melhora o humor, e a disponibilidade para mudanças e adesão ao tratamento”, reflete Laura, que também agradece a confiança que a Direção Executiva da Fundação depositou na musicoterapia, contribuindo para a visibilidade da área, e o acolhimento que a turma recebeu dos funcionários da instituição.
Fora da sala de aula
Para o estudante do 6º semestre do curso de musicoterapia, Ari dos Santos Prates Júnior, de 31 anos, o estágio tem sido um período de aprender para além do conhecimento dos livros sobre quando a música pode ajudar e, também, quando ela pode agitar alguém já alterado. “A música é uma arte que tem início meio e fim e, por isso, ajuda na organização espaço-tempo. Porém, ao contrário do que se pensa, ela é muito invasiva, não tem como desviar dela”, reforça o aluno já possui licenciatura em Música. Ele ainda acrescenta que esta etapa tem o permitido rever construções sociais estabelecidas no senso comum.
Quem também é estagiária de musicoterapia no hospital Getúlio Vargas é a professora de música, Josely de Moraes Antonio Alano, de 53 anos. A musicista, que sempre trabalhou com projetos sociais, escolheu a nova graduação por enxergar a necessidade de cuidar das pessoas e estar na música junto com elas. Ela acredita que o período de interação com os profissionais da saúde do HMGV está lhe permitindo aprender a observar as pessoas com outros olhos. “Aqui todos são muito competentes, algo que colaborou para criarmos afeto pelo lugar, pelas pessoas e pelo trabalho”, explica Josely.
Ela enxergou este ano como um momento para pensar no cuidado com o outro, usando a música para aflorar emoções. Para 2023, Josely espera viver novas experiências dentro do estágio e sua maior expectativa é que a musicoterapia seja expandida para outras unidades dentro do hospital. “Acredito que esse esforço conjunto, que trouxe a presença da musicoterapia para este hospital que é mantido pelo SUS, possa ser um exemplo e mostre para outros lugares que isso é uma possibilidade viável. Algo importante para acompanhar outros tipos de terapia”, completa.
Texto: Karolina Kraemer, orientada por Jocélia Bortoli – MTB 9653 / Comunicação FHGV
Fotos: Arquivo Comunicação FHGV