Janeiro Branco evidencia a necessidade de prevenir o adoecimento emocional

Este mês é dedicado ao Janeiro Branco, uma campanha brasileira iniciada em 2014, que busca chamar a atenção para o tema da saúde mental na vida das pessoas. O primeiro mês do ano foi escolhido porque nesse período as pessoas estão mais focadas em resoluções e metas para os 12 meses. O objetivo da campanha é colocar esse tema em evidência, promovendo a conscientização sobre a importância da prevenção ao adoecimento emocional, que gera impactos preocupantes na sociedade.

O médico psiquiatra da unidade de saúde mental do Hospital Municipal Getúlio Vargas, Adelar Pedro Franz, explica que o sofrimento emocional é algo que faz parte das diversas etapas no ciclo vital e, muitas vezes, até mesmo de forma saudável, porque proporciona o amadurecimento. “Entretanto, quando esse sofrimento passa a interferir de maneira significativa na nossa vida a ponto de causar prejuízos nos relacionamentos, na vida familiar, profissional ou acadêmica, a pessoa pode estar tendo um transtorno mental. Existem pessoas com diferentes vulnerabilidades, e o que determina se a pessoa vai desenvolver um transtorno psiquiátrico depende de uma soma de fatores, como genética, vivências passadas e acontecimentos atuais. Apesar de os transtornos mentais terem sua manifestação clara na vida adulta, a grande maioria já inicia os sintomas na infância e na adolescência”, afirma.

Franz atua no HMGV desde setembro de 2017 e é doutor em psiquiatria e ciências do comportamento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Segundo ele, para a pessoa ficar saudável é preciso exercitar os diversos músculos do corpo. Mas, a mente também precisa de investimento em diversas áreas. Nesse sentido, Franz aponta que as pessoas precisam ficar ativas na busca por um equilíbrio entre atividades laborais gratificantes, qualidade dos relacionamentos sejam eles familiares, amigáveis e afetivos, ter atividades diversificadas de lazer, fazer exercícios físicos e ter um sono regular. “Mesmo na pandemia, é possível investir nesses pontos, tendo os devidos cuidados necessários”, complementa.

Para não adoecer emocionalmente, na opinião de Franz, é preciso não buscar uma vida com ausência de problemas, e sim, aprender a lidar com as inevitáveis “pedras que vem pelo caminho”. O psiquiatra esclarece que isso é o que se chama de resiliência. Além disso, ele sinaliza que é preciso cuidar das crianças e dos adolescentes e transmitir afeto. “Um desenvolvimento e amadurecimento saudável, certamente, é uma das melhores formas de prevenção. Caso se note que algo possa não estar bem, consultar precocemente um profissional, ajuda na não cronificação e piora na vida adulta”, orienta o médico.

Por fim, Franz esclarece que, no caso de uma pessoa ter algum transtorno psiquiátrico, tem que seguir o acompanhamento porque a não adesão é talvez a maior causa de piora ou recorrência dos sintomas. “Assim como está ocorrendo agora com o covid-19, é importante que sigamos orientações e intervenções baseadas em evidências científicas”, finaliza o psiquiatra.

Texto: Jocélia Bortoli – MTB 9653 / Comunicação FHGV

Foto: Comunicação FHGV