Confira as principais realizações

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Encerra-se no dia 31 de dezembro a atual gestão da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas. Foram três anos de muito trabalho e de muitos desafios.

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Na entrevista que segue, a direção faz uma análise sobre o que marcou esse período, contando sobre as principais dificuldades, conquistas e encaminhamentos deixados para os próximos anos.

O SUS COMO PRIORIDADE

Qual o principal desafio da Fundação nos primeiros meses de gestão?

Desde cedo precisamos vencer uma série de desafios. Talvez o principal deles, lá em janeiro de 2018, fosse manter a instituição de portas abertas, pois havia um claro sinal de alerta sobre a saúde financeira, o que poderia trazer consequências de risco para os usuários SUS e para os postos de trabalho em todas as unidades administradas na ocasião.

E quais foram as principais medidas para reverter esse quadro?

Estava claro que precisávamos recuperar as finanças, as estruturas, cortar custos, rever contratos e propor um novo momento para a Fundação. Necessitávamos melhores resultados sob todos os pontos de vista. Algumas ações foram imediatas. Em relação aos cargos em comissão, diminuímos o número de vagas, extinguimos algumas e reduzimos salários dos CCs remanescentes. Os quadros de gestão foram reorganizados, novas regras para funções gratificadas valorizaram os trabalhadores do quadro efetivo e os RPAs foram extintos, conforme reivindicação dos sindicatos.

Em relação aos sindicatos, esta gestão da FHGV criou a Mesa Permanente de Negociações. De que forma essa ação contribuiu na relação com os trabalhadores?

Quando a atual gestão assumiu, havia um ambiente de descontentamento, com manifestações dos trabalhadores, ameaça de greve. Passamos por um processo de pacificação das relações de trabalho. A ideia de se ter um canal livre para um diálogo aberto com os representantes dos trabalhadores trouxe bons resultados. Assim, foi feita a negociação salarial para os trabalhadores de Sapucaia do Sul, por exemplo, com recuperação integral da inflação. Outro bom exemplo é a antecipação da primeira parcela do 13º salário, que ocorreu em 2019 e 2020.

Na revisão de contratos, como ficou a situação em Sapucaia do Sul?

As receitas em Sapucaia vêm aumentando desde 2018. Ainda que os incentivos dos governos federal e estadual não tenham mudado, o conjunto das unidades do município recebeu incrementos municipais, alcançando os valores de R$ 8,7 milhões em 2018, R$ 9,2 milhões em 2019 e R$ 9,6 milhões em 2020.

Quais as principais aplicações para esses recursos?

As dívidas com fornecedores e prestadores de serviços foram pagas e os encargos sociais regularizados. Esses valores garantiram ainda o percentual de reposição salarial dos trabalhadores e a consolidação do Laudo Técnico das Condições do Ambiente de Trabalho (LTCAT). Também investimos no BPM (Workflow), um sistema de processo eletrônico que traz mais segurança e agilidade para os fluxos de trabalho. A nova matriz salarial dos médicos também foi uma conquista importante para a Fundação. Sem falar em equipamentos e materiais que foram adquiridos durante esses três anos.

E como ficaram as unidades fora de Sapucaia do Sul?

Os contratos com essas unidades foram revistos em prol da saúde da instituição. Com o passar do tempo, nos desligamos de unidades como as UPAs de Pelotas, Viamão e Lajeado. Em Tramandaí renovamos com o Governo do Estado por mais cinco anos. Em 2018 tínhamos uma receita de R$ 3,8 milhões, e agora chegamos a R$ 4,9 milhões no HT. Diversas reformas e melhorias foram realizadas no Hospital, que recentemente foi vítima de um temporal que causou destelhamento e trouxe prejuízos. Também em Tramandaí houve aquisição de equipamentos e materiais.

E quais os destaques no que se refere à área de atenção à saúde?

O objetivo principal das nossas unidades 100% SUS é atender à saúde da população. Em Sapucaia, além do Hospital, temos a UPA, o SAMU, o Ambulatório de Especialidades, a Clínica da Mulher (Clisam) e o Serviço Especializado de Reabilitação (SER). São equipes multiprofissionais que vêm sendo ampliadas através de concursos e processos seletivos públicos e qualificadas através de eventos constantes de treinamento e capacitação. Outra questão importante é o controle rigoroso em relação ao cumprimento de metas e ampliação da divulgação dos índices alcançados. Houve incrementos que qualificaram a parte assistencial, tanto na parte de equipamentos quanto de educação permanente. Agora, em 2020, enfrentamos essa pandemia, sempre com a colaboração valiosa dos nossos trabalhadores, que vêm dando exemplo de comprometimento com a saúde pública.

De que forma a Fundação encarou o desafio do Covid-19?

Ainda estamos encarando, pois a pandemia ainda não acabou. Desde o início, em março deste ano, nos preparamos com medidas de prevenção e proteção aos trabalhadores e aos usuários do SUS. A primeira providência foi a criação do Comitê de Enfrentamento da FHGV ao Novo Coronavírus, que reúne representantes capacitados de diversos setores das unidades da Fundação para propor, criar, avaliar, determinar e cobrar soluções sobre o tema.

E quais foram as principais providências desse Comitê?

Além de serem obedecidos os fluxos e protocolos do Ministério da Saúde e das secretarias estadual e municipal da Saúde, a Fundação criou outros tantos, conforme as necessidades que se apresentavam a cada momento. Assim, houve alteração física de espaços de atendimento em favor de fluxos que passaram a facilitar a assistência aos pacientes. Contâiners foram trazidos para receber aqueles que chegavam na UPA ou nos hospitais com sintomas de doenças respiratórias. Houve ampliação de leitos para atender casos suspeitos ou confirmados de coronavírus. Campanhas de doação foram organizadas em Sapucaia e Tramandaí. Trabalhadores tiveram EPIs disponibilizados de acordo com o grau de risco de exposição ao vírus. Houve treinamento e capacitação específica para os empregados no que se refere a ações de proteção e combate à pandemia. Esse é um desafio permanente, que exige o comprometimento dos trabalhadores e da população para que possamos vencer o Covid-19.

A Fundação criou conselhos gestores e ampliou espaços de participação, como a Ceppir e a Comissão de Direitos Humanos. Qual a repercussão dessas iniciativas?

De fato, a gestão sempre teve em mente que o bem-estar do trabalhador é muito importante. Nem sempre conseguimos alcançar todos os objetivos, mas procuramos sempre avançar nesse sentido. O fortalecimento da Ceppir e a criação da CDH fazem parte de um processo de valorização da igualdade e das oportunidades. Por ser um processo, precisa estar em evolução, e é isso que almejamos. Já o surgimento dos conselhos gestores na Fundação obedece um preceito do SUS, que prevê a participação equilibrada entre gestores, trabalhadores e usuários nos rumos das instituições públicas. Em todos esses casos, a participação e o retorno têm sido bastante positivos.

Qual a expectativa para a Fundação daqui para frente?

Estamos encerrando a gestão, dando lugar a outros administradores, a quem desejamos todo o sucesso. Foram três anos dedicados à recuperação de uma estrutura de saúde que precisava de atenção para seguir em frente. Vencemos desafios e deixamos encaminhadas algumas providências que entendemos sejam importantes para que a Fundação siga em frente com saúde e pela saúde. O desejo é que a assistência aos usuários SUS seja ampliada e fortalecida, pois como vimos durante a pandemia, é o SUS quem está na linha de frente do bem-estar e da saúde da população brasileira.

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