Ceppir realiza exposição temática no Hospital Tramandaí
Depois de provocar reflexões nos trabalhadores do Hospital Municipal Getúlio Vargas de Sapucaia do Sul, a exposição “Semana da Consciência Negra” organizada por integrantes da Comissão Especial de Promoção da Igualdade Racial (Ceppir) da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas despertou o debate sobre a temática entre os funcionários do Hospital Tramandaí (HT) durante a última semana de novembro. A mostra integrou as atividades da Comissão em prol do combate ao racismo. No HT, atuam 45 trabalhadores autodeclarados pretos ou pardos e 26 foram contratados por meio de concurso público ou processo seletivo via sistema de cotas.
“Achei muito válida e importante a exposição, pois toda a forma de conscientização da mente humana sobre princípios éticos é benéfica e torna o mundo melhor. O sonho e a causa de Martin Luther King Jr era de que o juízo dos homens fosse tão justo quanto o de Deus. Neste momento, a nossa luta é a de conscientizarmos o mundo de que todos são iguais e que têm os mesmos direitos, que não é a cor ou o gênero que define o ‘ser humano’, mas a sua integridade. Que possamos continuar transformando o mundo para ser melhor e mais igual para todos”, afirmou o supervisor de aplicações das técnicas radiológicas, Gilmar de Freitas Gaspar.
A ouvidora Fabíola Lima acredita ser importante que o HT também tenha campanhas voltadas para o combate do preconceito racial, ouça os colaboradores e se aproxime da realidade deles para conhecer a percepção coletiva em torno do tema. “Especialmente em épocas que vários episódios de violência marcam a necessidade de reflexões, é necessário que as instituições promovam cada vez mais esta reflexão e ações sobre a consciência negra, buscando a igualdade de direitos entre os povos”, complementou.
A higienizadora Rosane Trindade Gomes também apreciou a exposição e a reflexão causada pela mostra. Uma das situações que lhe chamou a atenção foi que as roupas africanas foram exibidas em manequins negros. “Eu percebi que algumas lojas já utilizam manequins pretos. Tudo o que se refere à minha raça e de preferência que seja coisa boa, interessa-me. Meu filho sempre pesquisa a respeito de negros famosos e são muitos. Também assisti ao filme ‘Estrelas além do tempo’ e, sempre que vejo, fico emocionada. São três negras americanas que trabalharam na NASA e ajudaram a construir o primeiro foguete a ser lançado na lua. Muito inteligentes!”, comentou.
Para o auxiliar de segurança Vicente de Paulo Silva de Jesus, a exposição mostrou a cultura africana, os costumes, e principalmente, o respeito à raça negra. “De onde viemos como escravos. Povo forte guerreiro que lutou por sua liberdade, e depois de tudo que passou, até hoje sofre com preconceito de todas maneiras. Essas exposições que a Fundação está fazendo, traz algo para as pessoas avaliarem seus conceitos em relação ao próximo, que nós não podemos tratar as pessoas com diferença por conta de sua cor de pele ou crença. Não podemos ser tratados como marginais apenas por ser de cor negra. Somos todos seres humanos iguais de espírito e diferentes apenas na aparência externa, quando na verdade deveríamos nos importar com quanto podemos oferecer de bom para as pessoas e não o quanto nossa aparência pode causar um pré julgamento das pessoas”, opinou.
A presidente da Ceppir Alcione Cardoso Marques Alves contou que os trabalhadores do HT solicitaram para que fosse realizada a exposição e avaliou como positiva a atividade no local. Segundo ela, esse assunto temático acerca da questão racial torna-se ainda mais imprescindível por causa da morte de João Alberto Silveira Freitas no Carrefour, em Porto Alegre, às vésperas de 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra. “O racismo institucional existe e a Comissão tem trabalhado para mudar essa realidade de forma gradual nas unidades da FHGV. Acredito que vamos continuar firmes nessa luta diária e constante para a mudança dessa situação”, finalizou.