Auxiliares de segurança recebem acolhimento e suporte psicológico no enfrentamento da pandemia
Desde junho, auxiliares de segurança do Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV) e da sede da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas podem buscar acolhimento e suporte psicológico através de um projeto de intervenção desenvolvido pela estagiária de psicologia Bruna Tázio da Silva. Ligada ao setor de Desenvolvimento de Pessoas, ela explica que o projeto objetiva, além de dar suporte psicológico a esses profissionais, proporcionar um espaço de escuta, de acolhimento e de reflexão acerca da saúde mental e psicossocial na pandemia.
Bruna complementa que entre os objetivos estão aumentar a capacidade de resiliência e de enfrentamento dos funcionários; apresentar medidas de prevenção e promoção de saúde mental, que visem a qualidade de vida no trabalho; e ainda, psicoeducar os trabalhadores para uma compreensão e prevenção diária de doenças psicossociais. Também de acordo com a estudante do oitavo semestre de psicologia da Universidade La Salle, que é supervisionada na Fundação pela psicóloga do trabalho Renata Corrêa da Silva, existem estudos que revelam que a maioria dos trabalhadores com transtornos mentais comuns (TMC) demoram a buscar atendimento especializado ou, muitas vezes, não o procuram. A estudante descreve em seu projeto que TMC é um conceito criado para designar um conjunto de sintomas não psicóticos que, habitualmente, se relacionam a quadros subclínicos de ansiedade, depressão e estresse, e que pela sua elevada prevalência nos cuidados de saúde primários são considerados como um dos maiores problemas de saúde pública mundial.
A estagiária alerta para as consequências nos casos de profissionais que demoram a ter acesso a um tratamento adequado, pois isso tende a ocasionar problemas no ambiente familiar, pessoal e profissional, por vezes a longo prazo, culminando com o absenteísmo – padrão habitual de ausências no processo de trabalho, dever ou obrigação, seja por falta ou atraso e desmotivação. Outro efeito é o presenteísmo laboral, nome dado ao fenômeno de se estar de corpo presente no ambiente de trabalho, no entanto, por vários motivos sem produtividade, ou seja, o indivíduo está fisicamente presente, porém, a mente, não. “No Brasil, os transtornos mentais e do comportamento representam a terceira maior causa de ausências e incapacidades para o trabalho. Embora diversas profissões sofram com esses transtornos, é notável que algumas atividades de trabalho são mais expostas, os auxiliares de segurança, por exemplo, fazem parte da linha de frente do HMGV e o primeiro contato do usuário ao buscar atendimento”, declara a estagiária.
Ainda de acordo com Bruna, evidências científicas apontam a relação entre exposição ao estresse, eventos adversos, desgaste resultante das atividades exercidas e maior suscetibilidade a dores de cabeça, musculares, alterações no sono, síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional – que é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante. Nesses casos, essas circunstâncias demandam muita competitividade ou responsabilidade, transtorno por estresse pós-traumático e maior probabilidade de acidentes relacionados ao trabalho.
Combate
Bruna destaca a necessidade do desenvolvimento de intervenções que atuem de forma preventiva para combater os malefícios desse contexto ocupacional. Para que isso seja possível durante a pandemia, a proposta de sua atividade passou por adaptação com a criação de um mural com assuntos vivenciados pelos profissionais, trazendo uma comunicação clara e informativa, com estratégias para redução desses sintomas e oferta de suporte psicológico imprescindível neste momento.
Com periodicidade semanal, o mural fixado numa sala de acesso exclusivo dos auxiliares de segurança, é atualizado com assuntos relacionados à saúde mental. Contudo, os trabalhadores podem sugerir temas anonimamente, bem como avaliar o conteúdo apresentado tanto por meio de um envelope com sugestões quanto através do e-mail bruna.tazio@fhgv.com.br ou pelo telefone 51 3451-8200 ramal 214.