Técnicas de enfermagem expõem vivências em prol da saúde pública em dia de celebração
Nesta quarta-feira (20) é o Dia Nacional do Técnico e Auxiliar de Enfermagem e duas histórias inspiradoras de profissionais que atuam na Fundação Hospitalar Getúlio Vargas representam os trabalhadores dessa área e servem de exemplos pela dedicação prestada na assistência aos usuários do sistema público de saúde. Com técnicos de enfermagem atuando em todas as unidades de saúde da Fundação, as profissionais do Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV) em Sapucaia do Sul e do Hospital Tramandaí (HT) no Litoral Norte compartilham vivências e preocupações com a atuação no desenvolvimento das funções, principalmente, durante a pandemia do coronavírus.
O primeiro relato é da técnica de enfermagem Suelen Stegues que é formada pela Escola de Enfermagem da Paz de São Leopoldo e acumula 14 anos de experiência. Além de sapucaiense, ela é vizinha do HMGV onde trabalha na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto. “Minha inspiração para ingressar na área de saúde foi o dom mesmo de cuidar e querer fazer a diferença na vida das pessoas num momento tão delicado onde há ausência de saúde e emocional abalado. Colaborar com isso sempre foi muito gratificante. Acredito que esse é o meu destino. O porquê de eu fazer o que faço e a profissão que escolhi”, afirma.
Suelen recorda de um caso ao longo de sua trajetória que lhe serve de constante inspiração. Um paciente da UTI com 1% de chance de sobrevivência. Segundo ela, tratava-se de um caso muito grave e diversas vezes ele foi dado como morto. Depois de quatro meses e muito desespero da família, o homem ganhou alta e está curado. Para ela, esse caso é um milagre porque viu o paciente no pior e no melhor momento que contou com o trabalho dela.
“Além de ter me deixado muito feliz, isso dá inspiração. Óbvio que nem sempre temos vitórias, mas sempre estamos na luta e isso inspira para continuar. A gente está sempre tentando e nunca desiste de um paciente. A gente faz a nossa parte, os médicos e os enfermeiros. Somos uma equipe que precisa da ajuda de todos para continuar. Contudo, acredito que as coisas acontecem conforme tem que ser. Porém, o caso dele me deixou muito feliz de ter visto que realmente a vida é um milagre, que a gente tem que valorizar e aproveitar quando a gente tem uma segunda chance”, ressalta.
Linha de frente
Quanto a trabalhar durante a pandemia, Suelen explica que é um pouco complicado por ser uma luta contra um vírus invisível que gera preocupação. “Eu tenho filho e na minha casa mora apenas eu e ele, Arthur Stegues, um pré-adolescente de 13 anos. Sair de casa e deixá-lo todos os dias, dá um pouco de aperto no coração. Conversando com outros colegas da área de saúde a frase que ouvimos é sempre a mesma: a gente não tem medo de pegar o vírus, a gente tem medo de pegar e levar a para família. Isso é difícil, por isso, precisamos muito do apoio de todos e que entendam que não somos super-heróis. Estamos fazendo a nossa parte, a nossa missão como sempre fizemos com ou sem pandemia. A gente só precisa que nos apoiem e orem por nós. Que sigam crendo que estamos fazendo nossa parte e tudo vai melhorar”, declara.
Suelen acredita que quem deseja ser técnico de enfermagem ou tem a intenção de atuar em alguma área da saúde, tem que gostar, ter amor e ser carinhoso. “Isso é o primordial. Não adianta dominar todas as teorias e as técnicas se a gente não ter um olhar mais doce, cuidadoso e amoroso com o paciente. Muitas vezes, eles precisam mais disso do que um cuidado clínico. Claro que cada caso, é um caso porque a saúde da gente é um completo estado de bem-estar físico, social e mental. A gente precisa desse equilíbrio”, aconselha.
A técnica de enfermagem sapucaiense começou a trabalhar pela primeira vez no HMGV em 2011 através de processos seletivos. Agora, ela atua há mais de 1 ano como concursada. “É uma instituição que gosto muito de trabalhar. Sou muito realizada profissionalmente, gosto do que faço dos pacientes e sou muito feliz. Acredito que logo tudo isso vai passar e nos fortalecer muito mais, que Deus está acima de tudo, guarda-nos e vai dar tudo certo”, finaliza.
Técnica de enfermagem no HT
O segundo depoimento inspirador neste dia celebrativo é da técnica de enfermagem do HT, Daniela Letícia da Silva, que fez o curso técnico na área em 2006, no Instituto Kern em Curitiba, no Paraná. Moradora de Nova Tramandaí, ela escolheu a profissão por dom que descobriu durante um momento difícil de sua vida. “Defini a profissão quando meus pais sofreram um acidente de caminhão em Minas Gerais e meu pai faleceu após oito dias na UTI”, recorda.
Daniela revela que a cada dia tem algo novo a aprender com paciente. Ela cita como exemplo uma paciente de cinco meses que estava na emergência pediátrica onde atua há 7 anos no HT. “Nesse local, já ri, chorei e aprendi muito. A paciente estava muito mal. Parecia que não passaria daquela noite. Cuidei da melhor maneira que pude, com todo o meu carinho. De manhã, a bebê estava melhor. Acompanho o crescimento dela por rede social e tenho contato com mãe, recebo fotos e está superbem”, comenta.
Com relação a esta época de Covid-19, a técnica de enfermagem observa que é difícil. “Ficamos com medo mesmo com todos os cuidados, pois deixo meus dois filhos – Henzi Andrie da Silva e Henri Andrie da Silva – em casa quando saio para trabalhar. Somos só nós três desde que minha mãe faleceu. Mesmo assim, o que me inspira trabalhar em tempos de coronavírus é saber que sou útil e posso cuidar de quem precisa”, explica.
Por fim, a trabalhadora do HT também deixa um conselho para quem quiser cursar técnico em enfermagem: “Faça por amor. A nossa gratidão não é em forma de dinheiro, é uma palavra amiga para quem está com familiar doente. É dar um abraço carinhoso para quem acabou de perder o filho”, opina.