Atividades da Comissão de Direitos Humanos da FHGV marcam Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla

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“Minha infância foi um pouco difícil, mas tive uma família que sempre me tratou com igualdade. Minha mãe sempre lutou para que eu estudasse. Eu tinha dificuldades na primeira série e a professora chamou minha mãe para sugerir que eu fosse para a Apae, que até então, minha mãe nunca tinha ouvido falar. Ela estranhou pela mística de que quem estava lá tinha problema intelectual grave e ela não achava que fosse meu caso. Na Apae, descobriu-se que minha dificuldade não era intelectual, e sim, para escrever e de aprendizagem. Fui alfabetizado com máquina de escrever, sou exímio datilógrafo e montava até equações matemáticas na máquina”, conta o trabalhador do Hospital Municipal Getúlio Vargas (HMGV) José Adenilson Schmidt.

Schmidt atua há 24 anos no HMGV e teve suporte da família para viver de forma digna e inclusa na sociedade. “Eu dizia que estava com sede, pedia água e minhas irmãs me falavam para eu pegá-la. Caminhei com 5 anos e lembro, vagamente, que meu pai colocou duas cordas no quarto num quadrado de madeira. Assim, aprendi a dar os primeiros passos, pois tenho sequela de uma paralisia cerebral. Caminhava com joelhos grudados, e graças a fisioterapia na Apae, não tenho mais. Na adolescência, tinha questionamentos sobre o porquê eu era diferente. Meus amigos e minhas irmãs saiam à noite, e eu, não podia. Minha mãe teve que ter muita paciência comigo. Entendi e me apaixonei pelos livros, pela leitura e pela música, arrumando outra briga: queria o meu dinheiro para comprar livros”, recorda.

Antes de integrar o quadro de funcionários do HMGV, Schmidt vendeu produtos de beleza e roupas e atuou na Prefeitura de Sapucaia do Sul. “Entrei no HMGV em 1995 e me locomovia sozinho. Hoje, a minha condição física se deteriorou e preciso de ajuda. Agradeço a direção que fez mudanças para mim”, declara.

Atividades

O relato de Schmidt integrou as atividades da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV) realizadas nessa quarta-feira (28) em função da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. Na ocasião, teve assinatura da portaria que oficializa a criação da CDH e define seus integrantes, apresentação do grupo “Apaexonados por tradição” da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Sapucaia do Sul e exposição de arte dos assistidos da Unidade de Saúde Mental do HMGV acerca do olhar em relação à pessoa com deficiência.

O diretor de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas Alex Borba dos Santos destaca que esse é um momento valioso para a FHGV que é 100% Sistema Único de Saúde. “Garantir o acesso universal à saúde significa que todos são iguais e têm direitos. No entanto, existem pessoas diferentes que precisamos identificar para prestarmos tratamento diferenciado. Temos feito discussões com os profissionais da Fundação para essa assistência”, ressalta.

Ontem (28) também foi comemorado o Dia Nacional do Voluntariado e a professora da Apae Adriana Meurer da Silva lembra da importância desse trabalho. O grupo que apresentou danças tradicionalistas gaúchas no evento da Fundação é liderado por voluntários há 11 anos. A vice-presidente da CDH e técnica em nutrição Ludmylla Vechio Souza Dias reforça o protagonismo da Apae no atendimento às pessoas com diferenças, bem como dos próprios envolvidos e da família. “Somos protagonistas quando temos autoconfiança para superar os obstáculos, evoluímos constantemente, nos superamos e nos empoderamos para sermos protagonistas e darmos dignidade a nós mesmos”, acrescenta.

CDH

O presidente da CDH e assistente administrativo Ivo Soares dos Santos Filho explica que a Comissão tem como objetivo possibilitar o debate entre trabalhadores e usuários sobre as questões pertinentes à temática e a prevalência dos direitos já conquistados. Para ele, é fundamental estimular o diálogo a respeito das diferenças e a valorização das pessoas. Além do presidente e da vice Ludmylla Vechio Souza Dias, a CDH é composta pela secretária, a técnica municipal Zara Maria Escobar Mondadori, pelo artífice municipal José Adenilson Schmidt, pela técnica de enfermagem Cláudia Campos, e ainda, pelo auxiliar administrativo Gilberto Starck.

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