Fonoaudiologia recupera e integra criança com problema de fala
A dona de casa Rosângela Magalhães Antunes uma vez por semana vai à Unidade Básica de Saúde de Sapucaia do Sul para que o neto de 5 anos faça sessão de fonoterapia. O tratamento já dura oito meses e é prestado pelo Serviço Especializado em Reabilitação (SER) administrado pela Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV). Após a suspeita de autismo descartada e passar por acompanhamentos médicos, o menino faz tratamento fonoaudiológico no local.
“Não é autismo o que ele tem. Pensava que fosse surdo ou mudo porque com mais de 4 anos não falava nada. Agora, depois de fazer fonoaudiologia até pedimos para parar de falar algumas vezes. Estranhei e me surpreendi porque a fonoaudióloga disse que ia ser lento o tratamento para ele poder falar”, conta Rosângela.
Sem interagir com outras crianças na escola, a avó do menino era procurada pelos colegas do neto. “Eu que acabei sendo a conhecida entre os coleguinhas dele. Chegávamos na escola e eles viam em volta perguntar se eu era a avó dele e por que ele não falava. Hoje, meu neto canta e entendemos tudo. Essa mudança foi graças ao trabalho maravilhoso da fonoaudióloga que é muito paciente e carinhosa”, complementa.
A situação vivenciada pela família do gurizinho serve de alerta para os pais ou responsáveis por alguma criança que passa por problema ligado à fala. A fonoaudióloga Aline De Carli Duran atua no SER e trata do menino. Ela explica que o netinho de Rosângela teve atraso no desenvolvimento por causa desconhecida.
Fala e aprendizagem
No primeiro quadrimestre deste ano, apenas com idade entre zero e 11 anos, 55 crianças dependeram da fonoterapia realizada no SER. Segundo Aline, as trocas na fala e as dificuldades na aprendizagem de crianças em idade escolar estão entre os principais problemas. “Se a criança fala errado, ela vai escrever errado. Isso aumenta o nosso tempo de atendimento porque não vai ser apenas uma fala alterada a ser tratada, pois tem uma escrita e leitura a ser trabalhada”, esclarece a fonoaudióloga.
Outros casos atendidos pela fonoaudióloga envolvem crianças com dislexia que são aquelas que não conseguem associar o som à grafia da letra. Com base nos casos atendidos no SER, os problemas referentes à fala da criança ainda revelam outra situação: a baixa instrução escolar de alguns pais que enfrentam barreiras para ensinarem os filhos a falarem corretamente.
“Observamos que a criança não tem suporte da família com o reforço escolar porque os pais estudaram pouco”, declara Aline. Conforme a fonoaudióloga, os pais ou responsáveis sempre devem corrigir a fala errada de uma criança. Além disso, ela orienta que a palavra certa seja repetida várias vezes para ser aprendida pela criança.
Serviço
Há quase três anos o SER funciona através de parceria entre a FHGV e a Prefeitura de Sapucaia do Sul. Inicialmente, o SER era conhecido como Centro Especializado de Reabilitação (CER). O atendimento prestado pelo serviço contempla fonoaudiologia e fisioterapia tanto para crianças quanto para adultos. Em 2017, aconteceram 1.213 atendimentos de fisioterapia e, em 2018, foram 2.260 que totalizam 3.473 sessões em dois anos. No serviço de fonoaudiologia, de 2017 até abril de 2019 foram realizados 6.172 atendimentos.
No caso da fonoaudiologia, ocorrem atendimentos individuais e em grupo para crianças menores que precisam trabalhar a fala. “O atendimento individual é para a criança que não fala nada ou em casos específicos quando são trabalhadas uma letra individual. O atendimento em grupo considera a faixa etária da criança. No caso de adultos, são atendidos pacientes do Hospital Municipal Getúlio Varas que sofreram, principalmente, acidente vascular cerebral e têm dificuldades na fala e casos de disfagia que é o problema para engolir”, ressalta Aline.