Acesso da População Negra ao Mercado de Trabalho é tema de debate na FHGV
Ingressar no mercado de trabalho pelo sistema de cotas para negros em concurso público é uma questão de direitos, uma conquista consolidada pelo esforço dos movimentos sociais e a vontade política dos gestores. Esta afirmação ganhou força durante o seminário “O Acesso da População Negra ao Mercado de Trabalho”, promovido pela Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV), na manhã desta sexta-feira (5), no auditório da instituição. A atividade fez parte da programação alusiva ao Mês do Trabalhador. A abordagem foi feita pelo presidente da Comissão Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (CEPPIR) do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Celso Procópio; e a coordenadora da CEPPIR e representante dos usuários do GHC, Frankilina Marques Cardoso. O evento contou com a participação do diretor geral da FHGV, Juarez Verba; do diretor de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas, Alex Borba dos Santos; chefias, coordenadores das demais unidades da FHGV, trabalhadores, comunidade, e Clubes de Mães de Sapucaia do Sul.
A discussão proposta pela coordenadora da Unidade de Saúde do Trabalhador e Qualificação Profissional da FHGV, Tatiane Severo, marcou um momento histórico. Pela primeira vez, a FHGV garantiu a inserção de 20% das vagas para ingresso etnicorracial de negros e pardos em seus editais de concurso público e processo seletivo público.
Para Juarez Verba, a inclusão da política de cotas merece esforço dos gestores.”Vamos recuperar o tempo perdido, valorizando as políticas inclusivas na Fundação. No momento em que este tema vive a ameaça da política retrógrada e conservadora, precisamos fortalecer esta conquista”, considerou.
Alex Borba reforçou a necessidade de preparar os gestores para receberem os cotistas, combatendo a discriminação. “Precisamos nos convencer a tratar as pessoas respeitando as diferenças e com igualdade de direitos”, disse.
Educação é o caminho
Em sua fala, Celso Procópio apresentou a CEPPIR, justificando seu papel para promoção da igualdade racial no GHC. Trata-se de uma Comissão formada por trabalhadores e usuários, que entre outras ações, promove a saúde da população negra, capacita gestores com curso de raça e etnia e combate o racismo institucional. Ele defendeu a política de cotas não como um favor, mas como uma reparação histórica à população negra, que luta pelo acesso a mais oportunidades no mercado de trabalho.
Para a professora Frankilina, os negros não ingressaram no mercado de trabalho apenas pelas cotas. “Ingressaram por sua capacidade direcionada pelo acesso das cotas no concurso público”, disse. Ela fez um resgate da segregação racial no Brasil e enalteceu as ações afirmativas para elevação da população negra. “As cotas são uma compensação pelo prejuízo histórico que tivemos. Esta política garante a igualdade e o progresso econômico do país. Também contribui para reduzir a invisibilidade de nosso povo”, concluiu.