Assinatura de contrato para organização das cotas raciais em concurso público da FHGV marca Mês da Consciência Negra
Durante a abertura das Oficinas de Saúde da População Negra, dia 9 de novembro, a Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV) assinou o contrato para organização das cotas raciais no concurso público da instituição para Sapucaia do Sul, Pelotas e Viamão. A atividade contou com a participação do representante do Ministério da Saúde, Stênio Dias Rodrigues; de Flávio Paim (representando o senador Paulo Paim); do secretário de Saúde do Município, José Wink; do representante do Conselho Curador da FHGV, José Luiz Gomes; do coordenador da Igualdade Racial, Luciano Oliveira; do diretor geral da FHGV, Juarez Verba; do diretor de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas, Alex Borba dos Santos; do representante da Fundação La Salle, Cleon da Fonseca; de trabalhadores e ativistas da igualdade racial.
Juarez Verba iniciou sua manifestação comentando sobre a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, que segundo ele, simboliza o fortalecimento das políticas de retrocesso. Juarez prevê dias difíceis porém estimulantes contra o preconceito e a discriminação. Lembrou a luta dos estudantes nas ocupações das escolas em defesa da Educação e garantiu que a Fundação abraçará políticas que reduzam riscos de retrocesso, exemplificando com a assinatura do documento de cotas em concursos públicos da FHGV.
O secretário de Saúde de Sapucaia do Sul, José Wink, ressaltou que a segregação racial atinge várias etnias. “As eleições americanas sinalizam um rumo perigoso para a América Latina”, afirmou. Segundo ele, a valorização da direita conservadora trará desdobramentos nas políticas de exclusão. Wink ainda fez menção à Constituição de 1988, que trouxe garantias às minorias étnicas, mas que precisa ser defendida perante um Congresso Nacional conservador.
O representante do Ministério da Saúde, Stênio Dias Rodrigues destacou a importância do debate sobre o racismo institucional na sociedade brasileira. Ele também fez menção à eleição americana comentando que os republicanos (correligionários de Trump) foram adversários do presidente Obama na questão do plano de saúde semelhante ao nosso SUS. “Esta questão deverá ter incidência no Brasil, como já se vislumbra pela votação da PEC 241. A questão racial estará nesta pauta”, reforçou. Por fim, ele parabenizou a Fundação pela iniciativa de valorizar cotas em seus concursos públicos.
Oficinas de Saúde da População Negra
Nas oficinas, os palestrantes abordaram o tema “Políticas Públicas de Saúde da População Negra e Controle Social”. Jorge Senna, representante da Rede de Promotores Populares em Saúde e coordenador municipal do Movimento Negro Unificado, ressaltou a importância de um diferencial no acolhimento dos usuários do SUS, respeitando a religiosidade e etnia de cada um. Alertou o público sobre a necessidade de defender uma política pública de saúde universal que beneficie o conjunto da população.
Neusa Maria da Rocha Carvalho, presidente da Associação Gaúcha de Doença Falciforme, destacou o teste do pezinho como um dos avanços para diagnosticar este tipo de anemia que é genética. Ela comentou sobre os sintomas da doença, suas dificuldades de diagnóstico e tratamento na saúde pública. Mas incentivou as políticas públicas para avançar nesta área, beneficiando a população negra, que em maioria, é a mais atingida pela anemia falciforme.
Cinema Negro para todas etnias
Durante à tarde, foi exibida uma sessão de cinema protagonizada por atores negros seguida de debate sobre o racismo institucional, tendo como debatedora a ativista racial Márcia Fernandes.