O negro e relação com a mídia é tema de palestra ministrada por trabalhadora da FHGV
Cerca de 100 estudantes da Escola Municipal Santos Dumont, de Sapucaia do Sul, assistiram a palestra “O negro e a relação com a mídia, ministrada pela jornalista da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV), Simone Ramos, na noite de ontem (19/11). A atividades fez parte da 9? edição da Semana Municipal da Consciência Negra, promovida pela Prefeitura de Sapucaia do Sul e recebe apoio da FHGV. Também acompanharam a palestra, o coordenador da Diretoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luciano Oliveira e a professora Kênia Aleixo.
Simone Ramos fez um resgate sobre a história do negro no Brasil e sua realidade após a abolição da escravidão, abordando a luta dos movimentos sociais pela inclusão deste povo, descendente de africanos livres que foram escravizados. Ela destacou a invisibilidade do negro na mídia. “A presença dos negros nos programas de televisão e telenovelas ainda é muito tímida. A TV brasileira nega a existência do racismo e concede aos negros papéis secundários, muitas vezes como criminosos ou protagonizando personagens com profissões menos favorecidas. Também contextualiza os casos de racismo, minimizando as situações. Hoje, observamos a aparição de negros na TV em espaços nobres, mas ainda há muito o que fazer para ampliar essa presença na mídia”, avaliou.
Outra questão em debate foi a inserção da cultura e da história afro-brasileira nos currículos escolares, determinada pela lei 10.639, que enfrenta obstáculos para sua implantação. “Considero que somente por intermédio da educação e do acesso à informação sobre a negritude no Brasil é que teremos condições de minimizar as mazelas do racismo. Somos diferentes, mas lutamos por direitos iguais”, disse.
Como jornalista de uma instituição de saúde, Simone comentou sobre a falta de matérias na mídia brasileira que esclareçam os sintomas, diagnóstico, prevenção e tratamento das doenças que acometem a população negra, a anemia falciforme por exemplo. “A pauta da negritude aparece somente na Semana da Consciência Negra e deveria ser um tema mais frequente”, observou.
Por fim, foi exibido o filme “Vista a minha pele” (2003) com direção de Joel Zito Araújo. Trata-se de uma paródia da realidade brasileira, que serve para discussão sobre o racismo e o preconceito em sala de aula. Nessa história invertida, os negros são a classe dominante e os brancos foram escravizados.