I Encontro de Ostomizados em Sapucaia do Sul dá novas perspectivas aos pacientes
O que é preciso para que o paciente ostomizado possa realizar a cirurgia de reversão, recuperando a qualidade de vida? Essa e outras perguntas sobre situações que envolvem ostomia foram respondidas na manhã de terça-feira (7), durante o I Encontro de Ostomizados de Sapucaia do Sul, promovido pela parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde e a Fundação Hospitalar Getúlio Vargas. Estiveram presentes pacientes, enfermeiros, médico e representantes de instituições ligadas à saúde no Estado e no município.
Ostomia (ou estomia) é a abertura cirúrgica que permite a comunicação entre um órgão interno e o meio exterior. Nos casos de colostomia (operação realizada no cólon), a mais comum, muitos pacientes convivem durante anos com uma bolsa residual ligada ao intestino, sem ter a oportunidade de realizar o procedimento de reversão, que lhes proporcionaria significativa melhora na qualidade de vida.
Palestras
A primeira palestra foi ministrada pelo enfermeiro estomaterapeuta Aldírio dos Santos Medeiros, que falou sobre o funcionamento do aparelho digestório (novo termo que, segundo ele, substitui digestivo) e as situações que envolvem estomas, sempre com exemplos representados graficamente. Em seguida, a responsável técnica de enfermagem do Hospital Municipal Getúlio Vargas, Raquel Froner, apresentou dados sobre os procedimentos.
Desde 2012, quando o HMGV iniciou o projeto que inclui reversão de ostomias, foram realizadas 107 cirurgias, a maioria causada por traumas abdominais, ferimento por arma branca ou de fogo. “A reversão muda a qualidade de vida das pessoas, mas ainda é pouco estimulada”, lembra Raquel.
O HMGV é o único credenciado pelo SUS para realizar o procedimento no Estado. Pacientes de vários municípios viajam centenas de quilômetros para chegar a Sapucaia do Sul. Faz-se necessária a criação de novos pólos satélites que possam efetuar as cirurgias, diminuindo distâncias e facilitando a vida dos pacientes.
Izaac Fernandes, presidente da Federação Gaúcha dos Estomizados (Fegest), diz que o evento é um verdadeiro agente transformador, trazendo informações para as pessoas, pacientes ou familiares. Em sua fala, valorizou a prevenção, que se faz principalmente através dos exames que detectam o câncer intestinal, como as colonoscopias. “Muitos pacientes, por diferentes motivos, não estão aptos a fazer a reversão, mas podem, ainda assim, conviver em paz com as ostomias”, diz ele.
Depoimentos
“Depois que fiz o procedimento de reversão, minha vida mudou”, disse, emocionada, Vera Lúcia Pires da Silva, moradora de Novo Hamburgo, que conviveu com as dificuldades da ostomia por 18 meses. “Antes mal conseguia levantar da cama, tomar banho, e sofria quando a bolsa estourava ou quando as pessoas ficavam me olhando na rua. Agora é uma benção, tenho mais liberdade de movimentos, e isso me fez ser feliz de novo”.
Ledi Pretto diz que sua mãe, dona Eva, é uma paciente ostomizada e que, inicialmente, enfrentou dificuldades para conviver com a bolsa residual. “Ela tinha vergonha, não queria sair nem receber ninguém”, conta Ledi. “Aos poucos foi se acostumando, convivendo melhor com a situação, e hoje encara a vida de outra forma, pois foi o jeito de ela permanecer viva. Se for possível fazer a reversão, melhor, mas, para aqueles que não têm essa possibilidade, é importante dizer que isso não é o fim do mundo, e que o dia a dia não precisa ser tão ruim”, finaliza.
Segundo o Dr. Teixeira, que realiza as reversões no HMGV, “cada caso é um caso, nunca é a mesma patologia”. Por isso a decisão de realizar ou não o procedimento é compartilhada entre o paciente, a família e o médico. A possibilidade de reverter ostomias tem sido o objetivo de muitos pacientes, pois é a chance de recuperar a mobilidade e a qualidade de vida, o que não representa apenas um benefício pessoal, mas, muitas vezes, a toda família.
Representantes do Estado e do município
Presentes na abertura do Encontro, o diretor geral da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (administradora do HMGV), Juarez Verba, e o secretário municipal de Saúde, José Wink, cumprimentaram as pessoas envolvidas diretamente com o evento. Juarez revelou que seu pai foi uma paciente ostomizado e que, também por isso, conhece e reconhece a importância da pauta. O secretário Wink falou das dificuldades de adaptação dos pacientes e familiares e enfatizou o trabalho desenvolvido pelo HMGV, que é referência para o Estado em reversão de ostomias.
Também estiveram presentes no Encontro representantes da Câmara Técnica dos Ostomizados da Secretaria Estadual da Saúde, da Coordenação da Saúde da Pessoa com Deficiência do Estado, e da 1ª Coordenadoria Estadual da Saúde.
Nas fotos, a boa presença de público, as boas vindas do diretor geral Juarez Verba e do secretário Wink, e a palestra de Raquel Froner.